O Primo Basílio

Título: O Primo Basílio
Autor: Eça de Queirós
Editora: Scipione
Páginas: 297

   Denúncia Sobre a Alienação

  Oi gente! Hoje eu "tô aqui" pra falar de um interessante clássico da literatura portuguesa: O Primo Basílio (como se vocês não soubessem pelo título, mas tudo bem...)

  O Primo Basílio foi escrito por Eça de Queirós, no século XIX, foi publicado pela primeira vez em 1878.  O livro narra história de Luísa, uma lisboeta, que é casada com Jorge, um engenheiro; mas, que se envolve em um relacionamento com seu primo (sim, na época era comum relacionamentos e casamentos entre primos).       

   O livro é narrado em terceira pessoa e faz parte de um movimento literário conhecido como Realismo. Esse movimento é caracterizado por ser um oposição ao Romantismo (outro movimento literário, no qual, a realidade era representada de forma onírica e fantasiosa), os autores realistas faziam análises comportamentais e psicológicas dos personagens e objetivavam criticar a sociedade da época em que viviam, denunciando os diversos escândalos e hipocrisias. 

   Agora vamos ao enredo! Luísa mora com seu marido e tem duas empregadas Juliana e Joana. Certo dia, devido ao trabalho, Jorge se vê obrigado a viajar para o Alentejo, deixando a esposa com as empregadas. Com o tempo a viagem de Jorge vai se estendendo e Luísa começa a se sentir sozinha. Esta personagem tem o costume de ler vários romances, na ausência do marido, a prática se intensifica. Em relação a este assunto, é importante destacar que os livros de Luísa são todos romances, com histórias extremamente fantasiosas, sobre amores avassaladores, essas narrativas vão aos poucos alienando a personagem, que começa a desejar esse amores na sua vida. Os livros vão ter uma grande influência nas atitudes de Luísa no decorrer da narrativa.

  Ainda durante a viagem de Jorge, chega do exterior o único parente vivo de Luísa, seu primo Basílio. Este, começa a frequentar a casa de dela, com a desculpa de querer visitar a "priminha" todavia, sua real intenção é conquistar a lisboeta, Basílio não passa de um infame galanteador. Luísa que se sentia solitária sem o marido e cada vez mais alienada pelos livros que lê, começa a ver no primo uma oportunidade de viver  romances como os de seus livros.  Aos poucos, Luísa começa a ser seduzida pelo seu primo e passa a manter um caso com Basílio, o sedutor barato se torna seu amante. 

  Os problemas de Luísa começam quando Juliana, uma das suas empregadas, encontra cartas que foram trocadas pelos amantes e passa a chantagear a patroa. Luísa se vê obrigada a dar dinheiro e roupas a Juliana, ela esperava que Basílio a ajudasse mas, ele não faz isso. A personagem se envolve em um emaranhado de problemas e preocupações, que darão a narrativa, um desfecho um tanto trágico. 

  Cabe destacar que na trama há outros personagens como: Sebastião, fiel amigo de Jorge; Leopoldina, a amiga adúltera de Luísa; Conselheiro Acácio, Dona Felicidade, o médico Juliano, Ernestinho... Esses personagens vão representar os tipos lisboetas, Acácio, por exemplo, é símbolo de um conservadorismo exacerbado, Dona felicidade, representa as típicas solteironas.   

    Bom pessoal, quem ainda não leu o livro e não quer receber spoiler, acho melhor parar a leitura da resenha por aqui, como o livro é um clássico, a gente encontra o final do enredo em muitos sites e blogs, então, vou comentar um pouco sobre o desfecho, de forma bem resumida... 

     Após algum tempo Jorge volta do Alentejo, e estranha o comportamento da esposa, que agora vive a fazer as tarefas domésticas que seriam de Juliana (lembram da chantagem?). Luísa devido as preocupações do adultério, começa a adoecer, o que deixa Jorge muito aflito.

    A lisboeta recorre a Sebastião, conta a ele toda a história, ele promete ajudá-la, vai até Juliana junto com alguns policiais e exige que ela devolva as cartas, a empregada toma um susto e morre do coração. Luísa achava que seus problemas tinham acabado, porém, Basílio lhe manda uma carta, que é recebida por Jorge. Ao tomar conhecimento do conteúdo da carta, Jorge questiona a esposa sobre a mesma, Luísa, que já estava doente, piora e acaba morrendo, deixando o marido mergulhado em uma grande tristeza. Basílio termina a narrativa indo viajar com um amigo.

    Este é um final bem trágico, Eça chocou os leitores de sua época, que estavam acostumados ao sentimentalismo dos romances e  fechavam os olhos para uma realidade de pessoas hipócritas. O autor expôs uma sociedade repleta de escândalos que ficavam encobertos pelos status dos indivíduos, ele retrata a decadência de valores éticos e morais que acometia aquelas pessoas. O autor  mostra também a maneira como as mulheres eram tratadas na época, vistas como sensíveis e fracas. Luísa segue justamente os paradigmas desse estereótipo e segundo seu marido Jorge, ela é "muito mulher".

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